Em março de 1990, a USINA foi convidada pela Associação Comunitária de Diadema para reformular o projeto de arquitetura que havia sido elaborado pela Prefeitura para a construção de um conjunto misto de seis edifícios (com 16 apartamentos cada um) e 184 casas sobrepostas.
Quando os arquitetos da USINA – cuja constituição jurídica se deu em função deste trabalho, pela necessidade de firmar um contrato com a Caixa Econômica Federal – entraram no processo, toda a movimentação de terra para o arruamento e as fundações de dois edifícios já estavam prontas, o que impossibilitou qualquer alteração substancial de desenho, tanto no urbanismo quanto na arquitetura.
Assim, coube à USINA adaptar o projeto a partir da técnica construtiva: inicialmente previsto para ser realizado em blocos de concreto, o Cazuza foi completamente repensado, substituindo os blocos de concreto inicialmente previstos por blocos cerâmicos portantes (nas casas sobrepostas) e autoportantes (nos edifícios). Estes blocos, de resistência elevada, dispensavam a execução de estruturas verticais, o que viabilizava a construção por mutirão, visto que a maioria das pessoas que participariam das obras não tinha familiaridade com a construção civil. Além disso, outras pequenas alterações foram feitas, permitindo um respiro natural dos banheiros nas casas sobrepostas, por exemplo – no projeto original a ventilação seria mecânica.
A experiência do Cazuza foi pioneira na medida em que conseguiu provar que os mutirões autogeridos eram capazes de construir edifícios de vários andares, algo que era visto com desconfiança àquela altura.
Participaram diretamente da redação deste texto: Ícaro Vilaça e Paula Constante
local
Diadema – SP
linha do tempo
Março 1990 – Reformulação do projeto original da Prefeitura Municipal de Diadema
1990 a 1993 – Primeira etapa da construção
1993 – Início da segunda etapa da construção, que depois foi assumida pela AssessoriaTeto
agente organizador
Associação de Construção Comunitária de Diadema
agente financiador
Terra (desapropriação) e projeto original: Prefeitura Municipal de Diadema
Reformulação do projeto: Associação de Construção Comunitária de Diadema
Construção: Caixa Econômica Federal, através do Programa Prohap - Comunidade (Etapa 01) e Autofinanciamento (Etapa 02)
atividades desenvolvidas pela usina
Assessoria na discussão do sistema construtivo (substituição do bloco de concreto pelo bloco cerâmico) e nas reformulações de projeto
Organização das atividades de canteiro e gestão da obra
Acompanhamento e fiscalização da obra de construção em mutirão e por autogestão
Assessoria na discussão sobre a gestão no pós-ocupação
escopo do projeto
Reformulação do projeto de arquitetura e urbanismo para implantação de um conjunto misto de seis edificíos (com 16 apartamentos cada) e 184 casas sobrepostas
Estudo preliminar para o construção de um centro comunitário
equipe
Etapa 01
Arquitetura e Urbanismo: João Marcos de A. Lopes, Mario Luís Braga, Wagner Germano
Trabalho Social: Lo-Evelyn F. Hartoch (urbanista-paisagista)
Etapa 02
Arquitetura e Urbanismo: João Marcos de A. Lopes, Joana da Silva Barros, Mario Luís Braga, Vladimir Benincasa
principais interlocutores
Lideranças: Marialva, Aparecida, Laércio, Gabriela (Presidente da Associação)
Mestre-de-obras: Salim, Expedito
tipo de canteiro
Mutirão autogerido com trabalhadores assalariados
técnicas construtivas
Prédios: Alvenaria de blocos cerâmicos autoportantes. Casas: Alvenaria de blocos cerâmicos portantes e cobertura em telhas cerâmicas
famílias
280